quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

CARDÍACOTIDIANO (DIAGNÓSTICO PAULISTANO)

 
São Paulo é o corAção do Brasil
É o trabaLho,
O oficio dos ossos
Sem parar
Bilhete único
É coletivo
SinGular
São PaUlo é de pirar
O caos ótico de seus vergalhões
Caótico de suas direções ->
Metros e metros de metrô
Pneus, pinel, arranha céus
ColunA - bate estaca
Coluna - bate estaca
Vidas sobre vigas
Idas e vindas
Só se ver COrreria
Veja a cor, e rIa!
É plural
É de pular
São Paulo é o coração do Brasil
RuAs e viadutos
Adultos e velhos
Madalenas, Marianas, Augustas ao gosto
Cardápios, larápios
TrOmbadinhas, tromba d’águas
Vielas, vias e veias
Assaltos, asfaltos, coNcretos
É surreal, é marginal
Da periferia periferida
Aos edifícios da Paulista
São Paulo é pizza
A massa passa e vem e vai e ferve...
São Paulo é o coração do Brasil
ATEmporal garôa, é de boa!
É nóis! é voz... são eles
É rifle, é grife, é grave
É tarja preta, é trêta!
Perfeita, Com vários defeitos
Prefeitos, verEadores e dores
São Paulo é cinza, em cores
Tudo é caro, tudo é barato
Prato feito, prato farto
São Paulo meu coração
São Paulo meu infarto!
 
Junior Bráz (Caranguejunior) 
 
Poeminha também publicado em:
 
 
 

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

ROSAS PARA O POETA



Silêncio!
O coração do poeta parou.
Tocaram os surdos da escola
homenageando o poeta maior.

Suas crônicas e poesias
jamais serão esquecidas...
No coração do povo,
as saudades das palavras ditas,
das palavras lembradas,
das oferecidas para o povo,
do jeito que ele gostava.

Agora é o povo quem diz:
- Rosas para o poeta,
muitas rosas, para Drummond!



Odila Placência
Barueri - SP

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Pingo Imediato

Caiu um pingo no meu rosto
Olhei para o alto, não chovia
No fim, poderia ter suposto
Que as árvores ainda estavam encharcadas e vazias

Passei os dedos finos na pele
Era de textura diferente
Talvez sua origem eu erre
Mas minha mente não a reconhece

Eu pensei no mar
Talvez o vento tenha a trazido
Pensei ter voado de outro lugar
Como uma casa envolta de trigo

Enfim, coloquei o pingo na língua
E de seu gosto salgado, que lastima!
O pingo que envolveu-se em minha mente
Não passava de uma lágrima!

Sophia Bassi

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

CONTO - O HOMEM BOMBA


Da janela da pensão, ele via a via abaixo, a tensão do protesto que já tomava conta das ruas, as caras e caretas dos manifestantes manifestados, era o reflexo da primavera Árabe naquele país. Crianças, jovens, adultos e velhos marchavam sobre o asfalto quente de Islamabad naquela tarde avermelhada e seca. Os soldados e os policiais já estavam posicionados, armados até os dentes e prontos para qualquer confronto.

Deu três beijos no alcorão. Pronunciou umas palavras esquisitas, tomou o copo d’água que estava em cima do criado mudo. Acendeu um cigarro, Marlboro, pra variar. Enxugou o suor da testa com a mão esquerda, colocou o casaco cinza, o abotoou deixando abertos apenas os dois botões de cima e saiu do quarto.

Caminhou até a rua, em passadas tranquilas para não despertar suspeita. A rua estava entupida de gente gritando palavras de ordem. Passavam das duas horas da tarde, já se aproximava o horário da terceira oração do dia, a Salát Al-Açr. A mesquita de Faisal, no centro da cidade, já estava cheia de fiéis. Lugar sagrado e nem um pouco harmonioso. Esperou na rua, próximo a uma banca de feirantes, o sinal. 

Quanto mais se aproximava da hora, mais sua respiração ficava ofegante. A tensão aumentava. A adrenalina possuía seu corpo. Lábios tremiam. Suas mãos suavam. A garganta secou. Não podia desistir. Aquele era o momento. Já estava tudo certo. Foram meses de planejamento, meses de oração solicitando proteção e coragem a “Alah”. Não podia decepcionar a si próprio. Aquilo tinha que ser feito, em nome de sua paz.

O Sinal, o ônibus de turistas. Pessoas desembarcavam, caminhavam em direção a mesquita. Ele pronunciou novamente as palavras esquisitas, puxou o casaco para frente e abotoou os botões que ficaram abertos. Era uma tarde quente, mas ninguém notou aquele homem, de barba por fazer, com um casaco cinza, como se escondesse algo. Parado. Vigiando o quarteirão.

Começou a caminhar em passos trêmulos. O lugar marcado era a entrada da mesquita. Naquele momento ele não ouvia mais os gritos e nem notava a multidão de manifestantes ao seu redor que já estava em confronto com os soldados e a polícia. Suava frio, enxugou o suor da testa com a mão esquerda. Olhava fixo para o lugar marcado. Ao chegar naquele local, hesitou. Pronunciou mais uma vez as palavras esquisitas, dessa vez com mais fé e em alto e bom som, e foi... Parou. Fechou os olhos... Respirou bem fundo e... A chamou pelo nome.

Ela estava de costas, na entrada da mesquita, com um manto azul na cabeça, lábios rosados e cheirava a alfazema do campo. Linda, como ele imaginara, muito bela. Depois de meses trocando e-mails, meses de planejamento, enfim, os dois puderam se olhar, estavam frente a frente. 

Não era um lugar adequado para um encontro, mas ela como boa repórter, gostava de adrenalina e de correr riscos. Também queria conhecer Islamabad como era, seu povo, suas crenças e seus perigos.

Ele tímido, ainda suando frio, abriu o casaco e entregou-lhe o buquê de gérberas que havia comprado. Ficou por minutos olhando aqueles olhos azuis celestes e ouvindo-a contar de sua viagem. 

Mal se conheciam, mas ele já sabia que aquela "mina" iria deixá-lo nos ares...


JR Bráz (Caranguejúnior)

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Mooca

As linhas de meu ser se estendiam pela beleza
De um espaço sereno e histórico onde ninguém mais poderia estar
Em um passo, aprendi com firmeza
Que a aquele espaço era meu lugar

Muito distante dali, minha mente já iniciava o pensamento
A cidade de meus sonhos, onde seu cheiro é feito de amora
Revelando assim seu conhecimento
De que fora uma grande potência em outrora

Di Italia il suo corpo è formato
Não me recordo minhas outras vidas passadas
Se vejo as amoras, sei de seu lugar exato

Que me desculpem a Paulista, o Jardim e a Vila Mariana
Mas meu coração pertence à Mooca
E não há outro bairro que alguém ama.

Sophia Bassi

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

POEMAVERA (2)

Para estreiar o blog do grupo "Operários das Letras", aqui vai um poeminha de primavera.


Você flor esperta alada
Despetalada...
Me desperta desse sonho de inverno
Com um beijo colorido
Nessa primavera primeira

Dizendo-me que as flores já abriram
E que um trem quebrou 
Na estação Cidade Jardim...

Para que eu me adiante
E não perca a hora
Caso contrário chegarei atrasado
Ao primeiro dia de trabalho como jardineiro
No Jardim Paulista.




JR Bráz (Caranguejúnior)